Disponibilizado para o público do mundo todo, em outubro de 2020, o Livro de 80 anos do International Visitor Leadership Program (IVLP), mais importante programa de intercâmbio do Departamento de Estado dos Estados Unidos, fez questão de registrar a história da auditora de controle externo brasileira Luciene Pereira, vice-presidente da Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Conta do Brasil (ANTC).
O IVLP é um programa de visitas de curta duração aos EUA para líderes estrangeiros de diversas áreas de atuação. Tem o objetivo de promover a integração entre profissionais e incentivar o compartilhamento de conhecimentos com estudiosos e pesquisadores americanos. A ação visa alinhar os objetivos dos participantes do intercâmbio com a política de relações internacionais entre os Estados Unidos e o Brasil.
Dentro dessa perspectiva, o IVLP decidiu dar protagonismo, em seu livro de 80 anos, à história das auditoras de controle externo do Brasil. O ponto de partida foi a conquista do espaço de empoderamento feminino na ANTC.
"A participação feminina nos espaços de poder do controle externo brasileiro constitui um dos desafios a ser superado. Em sua história centenária, o Tribunal de Contas da União (TCU) conta apenas com duas ministras. A invisibilidade também atinge as audi - toras de controle externo, a quem sequer é disponibilizada estatística oficial sobre a participação em cargos de liderança", afirma Lucieni Pereira, participante do programa em 2016.
Além de lançar o livro, disponível na internet em formato e-book, o IVLP promoveu, em 10 de março, na Embaixada dos EUA, em Brasília, a entrega de certificados para os participantes do intercâmbio que desenvolveram projetos de reverse-exchange e/ou compartilharam suas experiências como parte das comemorações de 80 anos da entidade.
Clique aqui para conferir o e-book do International Visitor Leadership Program. A história da participante Lucieni Pereira da Silva está na página 69!
"HISTÓRIAS DOS PARTICIPANTES - Por Lucieni Pereira da Silva
A participação feminina nos espaços de poder do controle externo brasi - leiro constitui um dos desafios a ser superado. Em sua história centenária, o Tribunal de Contas da União (TCU) conta apenas com duas ministras. A invisibilidade também atinge as audi - toras de controle externo, a quem sequer é disponibilizada estatística oficial sobre a participação em cargos de liderança.
Foi nesse ambiente de invisibilidade que presidi os 4 primeiros anos de fundação da Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo do Brasil (ANTC), o que desencadeou um processo virtuoso de empoderamento das auditoras, ao menos no plano associativo. Essa liderança me levou ao International Visitor Leadership Program (IVLP) em 2016, sendo marcante a passagem por Iowa City. O simbolismo da campanha de Hillary Clinton, a quebra de paradigma de Patty Judge, única mulher eleita secretária de Agricultura do Estado, o contato com Donna Fernandes, nossa anfitriã que promove ações de empoderamento da mulher, e a experiência com lideranças do Projeto “50-50 em 2020”, idealizado com a meta de alcançar a igualdade política no centenário do voto feminino nos Estados Unidos, foram vivências contagiantes.
Ao retornar ao Brasil, procurei replicar os ideais do IVLP, sendo a primeira medida a promoção de um ambiente mais inclusivo para os auditores durante o 1º Congresso Nacional da classe, que contou com uma tribuna livre onde compartilhei as experiências do Programa e muitos exercitaram a fala na posição de líder. Dentre as revelações, sobressaiu a liderança inata de Thaisse Craveiro, jovem cearense ainda em estágio probatório na carreira e sem experiência política. Um mês após esse encontro, encorajada e por mim apoiada, Thaisse fundou às pressas a afiliada da ANTC no Ceará para representar politicamente seus pares nos poderes estatais e enfrentar o maior desafio da nossa classe, que foi a emenda constitucional de extinção do Tribunal dos Municípios do Ceará.
Após um processo político conturbado, nossa parceria foi bem-sucedida, incentivando outras lideranças igualmente vitoriosas nas batalhas que se sucederam à extinção. Hoje, a jovem líder cearense é referência e inspira auditores, em todo Brasil, preparando-se para assumir a Vice-Presidência Nacional da ANTC numa composição de Diretoria “50-50 em 2021”. A história da nossa Associação, marcada pela pluralidade de seus líderes, contrasta com a realidade dos Tribunais de Contas brasileiros, que ainda tratam suas desigualdades como verdadeiros tabus. Ao completar 128 anos, a galeria de presidentes do TCU, atualmente com 51 ministros, receberá a segunda foto de uma mulher, sendo alvissareira a possibilidade de se discutir a representatividade das auditoras nas funções de liderança da Corte da União, cujas ações afirmativas têm o potencial de contagiar outros 32 Tribunais do País."
